segunda-feira, outubro 04, 2010
sexta-feira, junho 15, 2007
Missão Integral e Espiritualidade Transformadora num Mundo Pós-moderno
Pensar numa espiritualidade transformadora que não tenha o seu fim em si mesma, mas que viva um relacionamento de serviço a Deus e ao outro é também refletir sobre o exercício e a prática da missão integral. Isso, no nosso caso, se dá em meio à pós-modernidade e a todos os seus efeitos sobre a espiritualidade cristã.
É importante lembrarmos que a espiritualidade se dá no contexto da missão. Enquanto exercemos a missão somos impulsionados a nos relacionarmos com Deus e com o outro; esse movimento de serviço e amor torna a nossa espiritualidade um processo dinâmico que tem o seu impulso inicial
Não se pode pensar em espiritualidade sem pensar em transformação, conversão e serviço. A transformação da vida, a conversão do coração e o serviço ao outro. É característico de alguém que possui um genuíno relacionamento com Deus: a) novidade de vida, refletida na sua forma de viver os valores do Reino de Deus (2 Co 5.17); b) conversão do seu coração, que agora coloca todas as suas emoções sob o controle do Espírito de Deus (Fl 4. 4-9); e c) a sua vida de serviço e altruísmo ao próximo (Jo 13.1-17), refletindo de maneira concreta e real o caráter de Cristo.
É muito comum hoje, em meio ao pluralismo religioso que a pós-modernidade traz, vermos formas de espiritualidade baseadas nos estereótipos religiosos norte-americanos; nos monges da idade média; nos liberais que relativizam toda e qualquer prática normativa; nos “novos” adoradores ou adoradores extravagantes. Enfim, existe atualmente uma variedade de tipos de espiritualidade. Mas o que realmente falta hoje é uma sintonia dessas formas de espiritualidade com uma teologia bíblica e relevante para os nossos dias.
Uma espiritualidade baseada em estereótipos americanos ou europeus não cumpre muito o seu papel num povo possuidor de grandes problemas econômicos e sociais, além de alienar e adoecer a espiritualidade brasileira. Uma espiritualidade monástica que se isola numa solitude artificial e divorciada do caos urbano e relacional não oferece algo muito além de um gostoso descanso nas montanhas e de uma momentânea sensação de contemplação e comunhão com o sagrado. Uma espiritualidade liberal que não vê limites para suas relativizações e subjetivações das verdades bíblicas também não oferecerá muito, além de um bom desencargo de consciência, enquanto continua-se vivendo num relacionamento raso e pouco significativo com Deus. Uma espiritualidade dita “extravagante”, mas que não tem o mínimo interesse em extravasar no serviço à sociedade e na prática da justiça, por se achar pura demais para se envolver com o mundo, também não tem muito a oferecer além de algumas experiências de êxtase e a pouco duradoura impressão de se estar próximo de Deus.
Não tenho aqui a intenção de simplesmente desconstruir tudo o que é feito ou acredita-se que é feito como espiritualidade. No entanto, julgo ser necessária uma mudança de mentalidade no que diz respeito ao real sentido da espiritualidade cristã. Não acredito numa espiritualidade divorciada do cotidiano da vida humana, que se isola em um gueto para poder ter sentido. Não acredito numa espiritualidade isolada da solidariedade, que celebra apenas crescimentos individuais.
quarta-feira, maio 30, 2007
Carisma e Narcisismo
Max Weber entendia carisma em algumas formas bem distintas, indo de “dom” e “graça”, até o exercício do poder e da dominação que podem deter uma pessoa ou um objeto.
Para weber, a autoridade de um líder religioso não se baseia em sua função legalmente constituída, nem na tradição religiosa que está por trás dele, e sim em um dom, uma capacidade especial que ele possui para liderar.
Segundo o autor , aqueles que reconhecem e aceitam o carisma de algum líder são impelidos a seguirem-no. Isso é bem claro e comum em nossos dias. Existem no meio evangélico diversos líderes carismáticos que possuem um vasto e crescente número de seguidores e simpatizantes. São verdadeiros mestres na arte de persuadir massas.
É interessante observar que muitos desses líderes são arrogantes e autoritários, detentores de verdadeiros impérios da religião, no entanto, têm fiéis adeptos de seus ensinos, sendo amados e respeitados por aqueles que o seguem.
O autor levanta a questão de que o carisma é mantido pelo cumprimento da missão (não no sentido missiológico); ou seja, Aqueles que seguem um líder carismático têm como estímulo à sua fidelidade, um suposto sucesso do líder ou do seguimento religioso ao qual aderem.
No âmbito protestante, esse crédito independe de quantas críticas o líder recebe e de quão duvidosos são seus ensinos. O mais importante é sua habilidade em conduzir a massa e como tal líder conduz seus ouvintes a crerem em seu discurso.
Outra importante característica dos líderes carismáticos é seu domínio sobre seus seguidores. Suas regras são claras e devem ser obedecidas incondicionalmente. Seja uma ordem para fechar os olhos e levantar as mãos, numa reunião de louvor; ou até mesmo ordens de suicídio em massa, o que já não é tão incomum em algumas seitas. O fato é que tal líder só é líder enquanto conseguir manter seu discurso nas práticas de seus adeptos. Se ele perde isso, então ele deixa de ter a credibilidade daqueles que o seguem.
Para manter tal status, esses líderes prezam por uma homogeneidade de discurso em seus impérios religiosos. Isso é bem claro nas grandes denominações neo-pentecostais. Por exemplo: Uma igreja Universal do Reino de Deus em Londrina tem as mesmas práticas e o mesmo discurso de uma Universal em Salvador. Existe uma centralidade em um líder maior que mantém seus liderados inseridos em seu estilo de ser ou de agir.
Esse líder, normalmente é visto como alguém especial e distinto dos outros. Reconhece-se nele uma santidade singular, que o faz mais respeitado e venerado que os demais líderes do grupo, que são vistos apenas como( também) seguidores.
O Campo Ideal Para os Líderes Carismáticos
Aqui, analisarei os paradigmas pós-modernos da religiosidade latino-americana, bem como sua contribuição para o surgimento de novos líderes carismáticos. Tomarei como referencial para essa breve análise o artigo Igreja e Pós-modernidade do coreano In Sik Hong, membro ativo da Fraternidade Teológica Latino-Americana.
Nesse artigo, ele faz algumas importantes considerações sobre a espiritualidade do mundo pós-moderno, analisando suas implicações sociais, psicológicas, antropológicas e teológicas.
Hong nos chama à atenção para a subjetividade da fé contemporânea. Segundo ele, estamos vivendo em um tempo em que o valor da experiência tenta sobrepor os valores da tradição e da doutrina. Existe hoje um retorno ao “Sagrado” que vem acompanhado de inúmeras formas de “irracionalidade”. Porém, esse retorno não significa necessariamente um avivamento, ou revigoramento do cristianismo em si. Pelo contrário, muitas das práticas religiosas nascidas nesse tempo são de duvidosa autenticidade e de acentuada incoerência com a Bíblia.
Segundo Hong, a espiritualidade pós-moderna é predominantemente emocional, e sua autenticidade está na experiência. Assim ele define essa característica:
(...)se muestra desconfianza ante lo dogmático y doctrinal: la única regulación admisible que mantiene la intensidad emocional em el seno del grupo es la experiência espiritual de los participantes(...)[1]
Outra característica do homem e da mulher pós-modernos é o hedonismo. A busca pelo prazer e a satisfação pessoal têm sido um dos grandes paradigmas atuais. A realização como pessoa, como profissional, como líder, como cônjuge, tem estado muito acima de valores de bem comum. O individualismo da nossa época impede que o ser humano vise o bem do mundo como um todo, para se dedicar a causas próprias que têm como fim último o seu crescimento e desenvolvimento pessoal. Assim, Hong explica:
El ser humano posmoderno no tiene centro ni objetivo absoluto. No es religioso ni ateo, sino que há construido una forma particular de espiritualidad según su perspectiva. Todo lo que le interesa es “pasarla bien”; a partir de la pérdida de confianza em los proyectos de transformación de la sociedad, solo concentra todas sus fuerzas en la realización personal.[2]
Assim, podemos entender que o contínuo surgimento de líderes carismáticos com características pejorativas e prejudiciais à igreja se dá devido à “fertilidade” do tempo presente, que é “regado” por valores pós-modernos de subjetividade, individualidade e hedonismo. Assim, posso entender que não são os líderes carismáticos que constroem seus seguidores e sim, seus seguidores criam com suas necessidades pessoais o cenário ideal para a manifestação de tais líderes.
sábado, dezembro 23, 2006
A Arte de Repensar
A grande maioria dos equívocos da nossa vida acontecem no primeiro sentimento. Os pecados a que cedemos, normalmente nos vencem por não pararmos para repensar quem Deus é, e o que Ele significa para nós. Quando magoamos alguém ou nos iramos, o fazemos muitas vezes por não repensarmos o quanto aquela pessoa já melhorou e o quanto ela nos é importante, mesmo sendo falha. A maior parte das nossas brigas ocorrem em momentos que pensamos pouco e somos muito mais dominados pela instabilidade da nossa personalidade. Quando somos confrontados por alguém que nos ama e se preocupa com nosso crescimento, normalmente temos uma reação inicial não tão amigável. Porém, se repensássemos o que ouvimos, provavelmente daríamos razão ao confronto e iniciaríamos o processo de mudança.
A bibia nos ensina em Tiago 1.19: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem (e toda mulher) seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Assim, podemos perceber que a nossa “rapidez” pra algumas coisas é extremamente prejudicial às nossas vidas, e que a nossa “lentidão” para decidir, dar respostas, e para acender o pavio da nossa ira é extremamente útil em momentos de adversidades.
Acredito que o grande segredo está na arte de repensar, na disposição de se reprocessar aquilo que entra em nossos ouvidos, mentes e corações; e assim dar respostas mais suaves e eficazes aos obstáculos que a vida nos traz. Recentemente li algo muito interessante que dizia que as pessoas erram muito mais por se precipitarem do que por esperarem. Eu quero ter calma, eu quero esperar, eu quero dar novas chances a mim e as pessoas que me cercam. Enfim, eu quero aprender a repensar.
quarta-feira, julho 12, 2006
Discipulado: Uma Questão de Tempo?
Quando penso em discipulado vêm em minha mente algumas imagens, como duas pessoas caminhando juntas por uma rua, conversando sobre suas vidas e sobre a influência de Jesus nelas. Ou penso numa amizade sólida e transparente, aonde se pode abrir o coração sem medo ou receio da reação que partirá da outra pessoa. Penso também em alguém que possui dons e talentos e decide caminhar e gastar tempo com quem ainda não descobriu ou está descobrindo os dons que tem. Penso num relacionamento de crescimento mútuo onde dá-se e é dado, onde cuida-se e é cuidado, onde cura-se e encontra cura também; onde se compartilha orações e sonhos, vendo a vida com Deus crescer diariamente.
Pensar em discipulado dessa maneira me faz acreditar e sonhar com ele. Me faz desejar ardentemente ser discipulado e também discipular. Me faz ter convicção de que esse é um autêntico projeto divino para nossas vidas e ministérios. No entanto, é quase impossível não achar que isso tudo é o “ideal” e que não costuma ser o “real” em nosso cotidiano tão atarefado e confuso; e como uma nuvenzinha de algodão que é perfurada, eu volto à indesejada realidade e pego a agenda para ver qual “meia hora” eu tenho disponível para crescer ou ajudar alguém a crescer. Me desculpe se te desanimei mas é bem por aí, não é? No entanto, quem disse que não vivemos pelo ideal? E quem disse que não é nossa missão transformar o “ideal” em “real” nas nossas vidas? Onde podemos encontrar o problema para nossa demasiada atenção ao “real” em detrimento do “ideal”?
Acredito que não temos tempo para o discipulado porque somos ensinados no mundo atual a valorizar o espaço e a matéria, enquanto o tempo é apenas literalmente usado para correr atrás delas. Abraham Joshua Heschel diz que “Ganhar o controle do mundo e do espaço é certamente uma de nossas tarefas. O perigo começa quando, para ganhar poder no reino do espaço, pagamos com a perda de todas as aspirações no reino do tempo. Há um reino do tempo em que a meta não é ter, mas ser; não possuir, mas dar, não controlar, mas partilhar, não submeter, mas estar de acordo”[1]. O uso do nosso tempo também revela os desejos do nosso coração e em quais reinos investimos durante o nosso cotidiano.
Estou cada dia mais convicto de que o discipulado, e praticamente tudo que fazemos no Reino de Deus, é uma questão de prioridade e não necessariamente de tempo, pois normalmente sempre o temos para aquilo que nos é importante. Precisamos saber se é necessário (no mais literal sentido) trabalhar tanto; se é realmente inegociável estudar tanto, se é tão importante ficar mais rico ou colecionar tantos títulos. Precisamos descobrir quais os verdadeiros motivos da nossa correria e repensá-la à luz das palavras do Senhor Jesus: Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt. 6. 33).
[1] HESCHEL, Abraham Joshua. O Schabat: Seu significado para o homem moderno. Pp 11-12.
terça-feira, maio 23, 2006
Existe um tempo para ficar distante...
Mesmo assim, tenho encontrado espaço no meu cotidiano para admirar a capacidade de Deus de gerar coisas tão profundas e significantes em momentos de dor e deserto pessoal. Fico impressionado como ele consegue usar o nada, o seco, o vazio, o fraco, o pobre, para construir e edificar seu Reino e nos transformar enquanto nos usa para transformar a vida de outros. É... é realmente engraçado e interessante isso...
A música ainda diz “Existe um tempo para correr para os abrigos”, e agora me pergunto... qual tem sido meu abrigo? Para onde corro nos meus momentos escuros? Para onde vou quando preciso de socorro e de respostas? É... chego a triste conclusão que Jesus não tem sido meu único abrigo, mas, que muitas vezes me abrigo na minha razão, que muitas outras me abrigo nas minhas frustrações e antigas experiências, e que outras busco esconderijo na minha incredulidade frente ao improvável ou impossível. E isso é ruim.... muito ruim...
Em outro momento a mesma canção diz “Você diz que o rio encontra seu caminho para o mar...” e que “assim como o rio você virá para mim...”. Essa é a voz de Jesus que diariamente insiste em me convencer de que ele é meu único abrigo confiável, de que ele é o único que conhece o remédio para minhas feridas, de que ele é o único que compreende por completo os mais profundos traços da minha personalidade, e o único que pode ler, entender e amar a minha alma.
Que nos nossos momentos de solidão e deserto possamos encontrar nEle a melhor e mais perfeita companhia...
terça-feira, abril 04, 2006
Eu quero aprender a orar...
Já faz um tempo que tenho me perguntado e também a Deus, o que é oração? Não me refiro aqui a métodos e maneiras de se orar, e sim, ao real significado desse, que é um dos maiores mistérios da vida cristã.
Já li algumas coisas a respeito da oração, no entanto, poucas conseguiram sair do óbvio ou do velho enlatado método importado. Muitos textos discutiram as formas como se deve orar; outros defendem que quanto mais horas melhor etc. Mesmo assim, minha crise continuou, pois, mesmo enxergando várias maneiras e formas, continuava inconstante nesses métodos, e em dúvida quanto a verdadeira essência da oração.
Obviamente, o nosso maior exemplo é Jesus, que tinha uma surpreendente intimidade com o pai, e que ao mesmo tempo era possuidor de uma enorme simplicidade e autenticidade de vida. Nunca o vi muito preocupado se havia passado uma hora ou uma hora e trinta minutos no monte orando. Ele simplesmente se retirava e ia “estar” com o Pai. Isso era tudo! Não havia marketing e nem grandes misticismos em torno disso.
Hoje, estava lendo o prefácio do livro “Orar com Deus”, do James Houston, e me deparei com um simples, porém, consolador, conceito de oração, que enfim, me convenceu e me estimulou a ter uma nova postura na minha vida de oração. Ele diz que começou “a ver oração mais como uma amizade do que como uma disciplina rigorosa. A oração começou a tornar-se mais um relacionamento e menos uma realização”[1]. Essa afirmação do Houston vai de encontro com muito do que aprendi sobre oração. Aprendi que oração era uma disciplina e que devia ser “praticada” da mesma forma como se pratica um exercício! Que devia ser “praticada” com vontade ou sem vontade, além de muitas outras regrinhas como “muita oração, muito poder... pouca oração, pouco poder!”.
Não acho que devemos jogar tudo isso no lixo, mas também começo a crer que Deus tem caminhos mais excelentes e mais altos para nós. Creio que Ele deseja fazer da oração não um amuleto pra se conseguir poder e sim um instrumento que nos leve a um relacionamento mais íntimo com Ele. Orar é se relacionar com Deus, é, como Jesus, estar com o Pai, desfrutar de sua presença, ouvi-lo e também ser ouvido; se calar muitas vezes, e também outras, apenas chorar... e ter as lágrimas enxutas pelo espírito...
Eu quero aprender a orar...
[1] HOUSTON, James. Orar com Deus. Pp.7
quinta-feira, março 02, 2006
A Espiritualidade do Natural
Quem nunca ouviu uma história sobrenatural? Quem nunca ficou impressionado com um testemunho “tremendo” que ouviu? Eu particularmente já! Muitas vezes! E isso não é ruim, pelo contrário... nos anima e motiva a nossa caminhada com Deus. Ficamos mais “turbinados” depois de ouvir algo diferente que aconteceu com alguém. No entanto, muitas vezes desprezamos as experiências NATURAIS que temos no nosso cotidiano com Deus, porque achamos que somente coisas sobrenaturais vêem de Deus, portanto devem merecer maior atenção. Não! Deus se manifesta poderosamente em situações perfeitamente normais e comuns!
É muito fácil deixarmos que maravilhosas experiências com Deus passem em “branco” por não prestarmos atenção naquilo que é natural. Enquanto isso ficamos decepcionados com Deus porque achamos que Ele não fala conosco e não nos dá experiências SOBRENATURAIS com Ele.
Devemos experimentar o NATURAL de Deus em nossas vidas! Devemos observar as coisas simples que nos cercam e tentarmos ouvir a voz de Deus naquilo que é aparentemente comum e insignificante. Vamos ouvir a voz de Deus em um filme que fala de amor, de dor, ou de alegria! Vamos enxergar a voz de Deus num noticiário de TV que diz que no mundo milhares de pessoas morrem de fome todos os dias, e nos compadecermos daqueles que sofrem perto de nós! Vamos descobrir que Deus é bom e gracioso quando vermos uma pessoa perdoar a outra e “zerar os ponteiros” propondo um novo começo.
Quando somos gentis com aqueles que nos cercam não estamos somente sendo educados ou socialmente corretos, mas também estamos exercendo nossa espiritualidade no NATURAL. Quando somos servos, somos espirituais. Se eu não sou servo, consequentemente não sou espiritual! Muitos tentam ser espirituais sem ao mesmo tempo serem servos. Isso é enganar a si mesmo!
Se agirmos assim, perceberemos que Jesus está muito mais próximo do que pensamos, e que não é tão complicado assim ser espiritual, pois a espiritualidade é para seres falhos e humanos como eu e como você, e se manifesta no nosso cotidiano, na naturalidade das nossas vidas!
Solamissio
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Eu quero ser cristão! “Evangélico” não!
Acho que o título desse texto já expressa bastante o que pretendo escrever aqui. Se você parar aqui tudo bem, não tem problema. O sentido é esse mesmo: não quero mais ser “evangélico” e sim cristão. Porque? Porque a cada dia tenho visto que a palavra “evangélico” não tem mais nada a ver com as boas novas de Jesus e seu Reino, e sim com um grupo religioso ávido por poder e crescimento, que se preocupa menos em ser do que em parecer ser; e se foca muito mais numa espiritualidade estética e superficial, baseada em trejeitos e estereótipos, do que no amor a Deus e ao outro(a).
Quero ser cristão, porque isso não é um rótulo e sim um perfil, uma característica, uma marca! A marca daqueles que foram comprados pelo sangue de Jesus e que agora, depois de limpos e salvos procuram viver da forma como seu mestre viveu na Terra. É a marca daqueles que servem a um Deus e não a um pseudoapóstolo ou qualquer outro “ícone” do mercado gospel.
Quero voltar à bíblia e ao real significado da palavra de Deus para minha vida! Renunciar às interpretações tendenciosas e fundamentalistas que tentam forçar as pessoas a servirem ao Senhor através do medo e do terror! Isso é terrorismo evangélico e também, deve ser denunciado!
Quero ser apenas cristão... Alguém que luta contra o pecado, não por medo e sim por amor; amor àquele que numa cruz derramou muitas gotas de sangue por mim, e que me mostrou que Deus pagou um preço muito alto para se relacionar comigo e me fazer um pouco mais parecido com ele. Quero ser cristão... Alguém que tenta a cada dia amar mais a Deus e também aos que me cercam... e ponto. Nada mais que isso.
segunda-feira, maio 23, 2005
Culto na Vida e Vida no Culto
Há muitos embates sobre a posição da pregação no culto e também sobre o lugar da música na celebração, bem como sua importância temporal.
Todos esses temas são interessantes e dignos de uma saudável discussão, para que se cheguem a denominadores comuns. Assim, o Deus do culto poderá se sentir à vontade no meio daqueles que refletem sobre o culto.
No entanto, não é sobre tais temas que me proponho a escrever nesse breve artigo. O que pretendo é uma reflexão acerca da natureza do culto; sua essência e seu ápice.
Culto é a vida. É a vida vivida em Cristo, com Cristo, por Cristo, e para a glória Dele.
Em sua integralidade, o culto deve ser vivido também em sua coletividade. O culto é coletivo. Não porque pode ser praticado em reuniões (isso é parte dele); mas porque sua manifestação voluntária se dá nos relacionamentos interpessoais que se vinculam ao nosso relacionamento com Deus. O culto está no amor ao próximo que adora a Deus; no partir do pão que sacia a fome do faminto; no abraço que se dá na pessoa suja e mal cheirosa.
Se formos investigar o comportamento do nosso Mestre, descobriremos que a maioria dos seus atos era realizada em companhia de outros. Jesus amava compartilhar. Dividir, para Ele, era motivo de muita festa. Poderia viver tudo isso em uma prazerosa solidão. No entanto, preferia viver na presença de outros, embora nunca saísse da presença do Pai.
O verdadeiro culto é aquele que se compartilha. É rir junto; é cantar e adorar junto! É se deliciar com Palavra de Deus junto; é chorar com o outro; sentir uma dor comum; é amar a Jesus em companhia do outro.
Cultuar é receber Vida e também doá-la. Cultuar é ter as lágrimas enxutas pelo Espírito e enxugar as lágrimas daqueles que choram, em Espírito.
O culto pode ser vivido e praticado na solidão. Até porque, existem momentos em que o homem e a mulher precisam estar a sós com seu Senhor, para que possam amá-lo e ser tratados por ele de uma forma especial e individual. Porém, depois da cura; depois do tratamento; vem a festa e o compartilhar daquilo que se recebeu das mãos de Deus. E aí o culto entra no seu ápice, que seriam os vários cultos individuais unidos em um só culto, para celebrar a Vida. Então, o que faltava no meu culto poderei encontrar no culto do outro e assim ter a minha celebração cada vez mais completa.
Posso chegar a uma prematura conclusão dizendo que cultuar a Deus é fazer parte de Sua Vida; é fazer Deus sorrir. Não por causa de nossa aparente perfeição litúrgica e devocional, mas pelos nossos ansiosos anseios de agradá-lo.